quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Dia da CNIS

DIA DA CNIS

Estado Social seria utopia sem as IPSS


A CNIS celebrou 35 anos, período durante o qual tem sido a voz e o rosto de milhares de IPSS disseminadas por todo o território nacional, ilhas incluídas.
“É um dia importante porque, de algum modo, é um dia de celebração do muito que são as instituições de solidariedade em Portugal, do muito que fazem, do muito que significam e da esperança que são para o povo português”, começou por dizer, ao SOLIDARIEDADE, o presidente da CNIS, que considerou ainda que “a CNIS não seria absolutamente nada se não fosse este mundo de instituições, este mundo de dirigentes, este mundo de solidariedade, de altruísmo, de inovação, de resposta social e de serviço aos outros”.
O padre Lino Maia falava no final da sessão que decorreu no dia 15 de janeiro, em Fátima, e que reuniu dezenas de dirigentes da CNIS e das Uniões Distritais e Federações suas integrantes.
Na estreia em atos públicos da novel secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, a sessão teve como mote o «Desenvolvimento do Estado Social», tema sobre o qual versaram três oradores convidados: Jorge Miranda, Teresa Fernandes e Fernando Ribeiro Mendes.
“Foi uma forma bonita de celebrar esta data, em que tivemos, digamos, a apresentação pública da senhora secretária de Estado da Solidariedade Social, que de algum modo veio reafirmar o reconhecimento deste Setor por parte do Governo e a vontade que este Governo tem de prosseguir no bom rumo da cooperação”, comentou o padre Lino Maia, que se mostrou confiante num bom relacionamento com o novo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: “É evidente que poderá haver, aqui ou acolá, algum reajustamento, há sempre seja qual for o Governo… Mas seja qual for o percurso a fazer, é sempre muito importante, periodicamente, fazer-se uma avaliação e enfrentar-se desafios novos”.
Aliás, nas breves palavras que dirigiu aos presentes na abertura do encontro, o presidente da CNIS foi perentório: “Temos todas as razões para confiar numa boa relação com o novo Governo”.
Por seu turno, Cláudia Joaquim começou por traçar o retrato da situação social do País, sublinhando os difíceis momentos dos últimos anos e deixando como principal ideia para o futuro o “reforço da confiança no sistema”, referindo que, ao mesmo tempo, “torna-se indispensável fomentar a coesão e solidariedade que deve existir entre as várias gerações, bem como voltar a assumir a proteção dos cidadãos mais vulneráveis como uma das prioridades no quadro das funções do Estado Social”.
Mostrando sintonia com o que havia sido dito pelo presidente da CNIS, a governante assegurou: “Para este Governo, as pessoas devem estar no centro das políticas públicas, pelo que a nossa estratégia consagra um conjunto de políticas que têm como objetivos o combate ao desemprego, a recuperação da economia, a sustentabilidade da Segurança Social, o combate à pobreza e exclusão social e o cumprimento rigoroso dos compromissos externos, nomeadamente no âmbito da União Europeia”.
Depois revelou que a estratégia do Governo “é muita clara” e com objetivos “extremamente concretos”, que passam pelo “virar de página na política de austeridade e na estratégia de empobrecimento” e pela “defesa do Estado Social e dos serviços públicos, na segurança social, na educação e na saúde, enquanto instrumentos de combate à pobreza e às desigualdades”, revelando um conjunto de medidas já aprovadas, “que visam melhorar os rendimentos das famílias portuguesas”.
A fechar, a secretária de Estado transmitiu uma mensagem de esperança e motivação: “Estamos assim a viver hoje um período de esperança renovada que nos permite enfrentar os desafios com maior confiança, onde a partilha de esforços e responsabilidades, aliada ao espírito de união e solidariedade, nos permite ter a ambição realista de construir um País cada vez mais coeso, justo e desenvolvido”.

O ESTADO SOCIAL

A sessão celebrativa do Dia da CNIS prosseguiu com as alocuções dos oradores convidados, que, no final, Macário Correia, responsável pela organização do encontro, disse ter sido “interessante” e ter mesmo superado as expetativas, “em termos de conteúdo, debate e da qualidade das intervenções”.
Para este elemento da Direção da CNIS, “foram abertas pistas para aquilo que pode ser a evolução das políticas sociais nos próximos tempos”.
Também o padre Lino Maia se mostrou satisfeito com a “reflexão muito importante” que foi a manhã em Fátima. “Nós somos uma parte integrante do Estado Social. Não somos Estado, mas o Estado Social seria utopia sem os agentes que são estas instituições. A utopia existirá sempre, mas é importante que todos nós, de vez em quando, reflitamos quais são os novos desafios, que passos dar, que desvios fazer e o que é, de facto, importante implementar. E isto refletiu-se neste encontro”.
Para abordar o tema «Desenvolvimento do Estado Social», o primeiro orador foi Fernando Ribeiro Mendes, professor de Economia no ISEG de Lisboa, antigo secretário de Estado da Segurança Social e recém-eleito para a administração da mutualidade Montepio Geral e ainda presidente do Inatel, que abordou aquilo que são as questões da área da economia aplicadas às instituições sociais e de toda a gestão dos acordos e da relação com a Segurança Social, sublinhando dois conceitos muito importantes para o desenvolvimento do Estado Social: justiça social e pegada moral.
Seguiu-se Teresa Fernandes, membro do Conselho Diretivo do IGFC – Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização, que traçou uma perspetiva histórica do nascimento e da orientação das políticas sociais e também daquilo que são as hipóteses da sua evolução, tendo em conta os fundos que geram e a relação entre empregadores e trabalhadores.
A fechar, o constitucionalista Jorge Miranda, Professor de Direito e, por muitos, considerado o «Pai da Constituição» – epíteto, aliás, que o próprio recusou logo na abertura da sua intervenção –, deu um panorama daquilo que são os direitos no contexto da legislação portuguesa e no contexto dos tratados e da legislação europeia, em que questões de ordem social estão previstas e de como, por exemplo, a omissão das instituições oficiais nacionais pode ser questionada pela via jurídica para que as pessoas tenham acesso a direitos que, por vezes, as instituições, em primeira linha, não reconhecem.
Seguiu-se um momento de “debate interessante”, com a participação de uma seleção de dirigentes da estrutura associativa nacional e regional da CNIS, que colocaram diversas questões, “saldando-se por uma manhã muito produtiva em termos de conteúdo, em que ficaram ideias e opiniões de pessoas, diria, senadores de políticas sociais, no Direito e na Economia, e com a presença daqueles que são os mais responsáveis na estrutura nacional das instituições sociais”, resumiu Macário Correia.
Também para o presidente da CNIS o encontro foi muito positivo, sublinhando “a participação de três pensadores muito importantes, mas também a presença de todos estes dirigentes, não apenas da CNIS, mas também dirigentes distritais e das diversas federações que integram a Confederação”, evidenciando a “presença não de auditores mas de construtores”.
No final da sessão foi assinada a escritura de passagem da CNIS para a UDIPSS Lisboa das instalações onde esta estrutura distrital já está sedeada. Questões legais impediam-no até agora, mas, ultrapassada a burocracia, a assinatura do padre Lino Maia, pela CNIS, e de José Carlos Batalha, pela UDIPSS Lisboa, oficializa o desejo de todos os intervenientes.
“Também foi bonito concluirmos um processo de transferência das instalações para a União Distrital de Lisboa, que foi sempre quem as mereceu e as desenvolveu. União Distrital que tem feito um percurso muito bonito, no sentido de alimentar e avançar a união e a comunhão e esta foi uma forma muito simbólica de celebrar essa mesma comunhão”, comentou o padre Lino Maia, que aproveitou para deixar uma mensagem: “É um dia importante e mostrámos em tudo isto que não nos deixamos intimidar pelos obstáculos, somos sempre leais na cooperação, sempre construtores para um devir melhor e o País pode contar connosco, como nós contamos sempre com a compreensão, a comunhão e o envolvimento das populações”.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2016-01-16

EAPN - Erradicar a Pobreza. Compromisso para uma Estratégia Nacional

Rediteia 48 - Erradicar a Pobreza. Compromisso para uma Estratégia Nacional
http://www.eapn.pt/download.php?file=3046


 Para muitos, erradicar a pobreza e a exclusão social é um objectivo utópico. Contudo, a experiência demonstra-nos que os seus efeitos podem ser prevenidos e consequentemente diminuídos os números, sempre que todos os atores sociais se impliquem de forma ativa e se definam as medidas adequadas e eficazes às realidades nacionais. Foi este objectivo que animou o grupo de pessoas e instituições que a EAPN Portugal promoveu e coordenou ao longo de quase dois anos.

Um grupo de pessoas/instituições que acreditam que erradicar a pobreza não só é possível, como é uma prioridade nacional. A bem de uma boa governação assente numa democracia mais participada e responsabilizante, é fundamental que se inclua na agenda política de governação do país o objetivo da erradicação da pobreza, se defina uma estratégia nacional e metas para a eliminação da pobreza e se encontrem os adequados suportes institucionais para fazer valer os direitos humanos e sancionar o seu respectivo incumprimento.

Esta publicação sistematiza um conjunto de propostas resultado de debates internos entre os protagonistas envolvidos e que juntamente com a EAPN Portugal se empenham diariamente numa luta mais eficaz e eficiente contra a pobreza e a exclusão social. Entendemos que deveríamos partilhar esta informação, e de uma forma totalmente despretensiosa, deixar os nossos contributos sob a forma de considerações e pistas de orientação para quem desenvolve o seu trabalho no campo da luta contra a pobreza e para quem tem responsabilidades em matéria de definição de políticas. A todos os atores envolvidos aproveitamos aqui para deixar o nosso agradecimento especial.

Colaboraram neste número Alcides Monteiro, Alfredo Bruto da Costa, Ana Lopes, Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local (ANIMAR), Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI), Caritas Portuguesa, Carlos Farinha Rodrigues, Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS), Elza Chambel, Fátima Veiga, Fernanda Rodrigues, Francisco Branco, Instituto de Apoio à Criança (IAC), José Pereirinha, Maria Joaquina Madeira, Maria José Domingos, Maria Manuela Silva, Paula Cruz, Pedro Hespanha, Sandra Araújo e Sérgio Aires.

domingo, 29 de novembro de 2015

Candidato Sampaio da Nóvoa na CNIS

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Sampaio da Nóvoa: "Esta é uma rede imprescindível ao País"


A Direção da CNIS reuniu com o candidato presidencial Sampaio da Nóvoa, prosseguindo, assim, a série de contactos com os concorrentes às eleições do próximo dia 24 de janeiro.
O encontro na sede da CNIS serviu essencialmente para o candidato tomar conhecimento mais pormenorizado do que é a CNIS e, no fundo, o Setor Social Solidário.
“Levo desta reunião a enorme importância que a CNIS tem em Portugal, a enorme importância que este Setor tem para o País e a importância em, como dizia o padre Lino Maia, valorizarmos o trabalho que é feito por todo o País na área dos deficientes, dos idosos, das crianças, etc.”, afirmou, ao SOLIDARIEDADE, Sampaio da Nóvoa que lembrou protagonizar “uma candidatura de liberdade e de participação”.
Para o candidato, o Setor Social Solidário “é uma rede imprescindível no nosso presente e para o nosso futuro”, sublinhando sair com o conhecimento enriquecido após o encontro com os dirigentes da CNIS.
“Este é um Setor que, há muitos anos, acompanho com muito cuidado e muita atenção e em alguns momentos da minha vida com algumas intervenções, mas, obviamente, fico mais bem informado pela voz, direta, própria e autorizada de alguém que tem um historial e património impressionante neste Setor. Isso é algo que todos temos que reconhecer e valorizar”.

P.V.O. (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2015-11-28

Candidato Marcelo Rebelo de Sousa na CNIS

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Marcelo Rebelo de Sousa: “É preciso consenso de regime” para o Setor Social


O encontro entre o candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa e a CNIS e alguns dirigentes de IPSS, que aconteceu em Fátima, ficou marcado pelo sublinhado da importância do Setor Social Solidário em Portugal.
“Penso que é importante reconhecer o peso do Setor Social, que faz o que o Estado nunca fará, nem faz sentido que faça, e, por outro lado, é preciso, dentro do Setor Social, tratar as instituições com a especificidade que têm. É preciso olhar especificamente para este Setor”, sublinhou o candidato, reforçando a ideia de que “as IPSS são IPSS e precisam de uma legislação específica para os próximos cinco, 10 anos, o mais flexível possível, para que permita protocolos e parcerias que se alteram com o tempo”.
E, por isso, “isto devia ser uma prioridade da próxima legislatura e nem é por uma questão de princípio, é por realismo”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando “que não há saídas miraculosas da crise”.
Nesse sentido, o candidato presidencial que para já lidera as intenções de voto, defendeu um acordo de regime no que toca ao Setor Social e ao papel das instituições de solidariedade.
“É preciso que haja consenso de regime, com compromissos duradouros, e é para isso que tem trabalhado o vosso presidente. Isto tem que ver com os governos e com as oposições, mas uma das funções do Presidente da República é criar consensos e tenho pena que nos últimos anos tenham sido anos em que se perderam muitos desses consensos. Isto tem que se recuperar e o Presidente da República tem uma responsabilidade enorme nessa recuperação”, argumentou, apontando o caminho que deve ser seguido: “Isso passa por ir todos os dias aos sítios e mostrar os problemas e depois, permanentemente, pressionar os responsáveis para se encontrar, em clima de diálogo e de consenso, as soluções”. Recordando que muitas destas questões prendem-se com “os afetos”, Rebelo de Sousa afirmou que “é preciso alimentar os afetos”, porque “um dos problemas atuais da sociedade portuguesa é estar dividida, muito por consequência da crise”.
“Este é o grande desafio dos próximos anos: ou invertemos o rumo de pobreza e de injustiça social que existe ou a sociedade radicaliza-se. E só há uma maneira de impedir isto que é criar um clima de consenso que começa nas coisas mais básicas. Isso também aprendi com as IPSS, é que os problemas começam a resolver-se com pequenos gestos”.
Nesse sentido, e afirmando-se um “otimista”, Marcelo Rebelo de Sousa prefere “olhar para o copo meio cheio”, tendo em conta muito do que é o “exemplo diário” das IPSS.

LEI DE BASES É “UM SACO DE GATOS”

Relevando o papel imprescindível do Setor Social Solidário, o candidato presidencial recordou a sua presença no Governo aquando da criação da legislação para as IPSS, que decorreu do reconhecimento por parte do Estado que, de per si, “não consegue resolver os problemas das crianças, dos velhos, ou dos deficientes”, criticando a demora na feitura das leis que regulamentam o que muitas vezes já existe no terreno há muito tempo, dando como exemplo a recente Lei de Bases da Economia Social.
“Querem saber a minha opinião sobre a lei?”, questionou, respondendo de seguida: “Primeiro, é melhor haver lei do que não haver lei nenhuma, porque a lei significa o reconhecimento de um Setor Social forte e sem o qual não é possível resolver os problemas sociais em Portugal. Agora, a lei é um saco de gatos, porque cabe naquela lei tudo e o seu contrário”.
Para além disto, o professor de Direito questionou: “E agora, quando é que vem a regulamentação da lei? Sim, porque é preciso fazer uma lei diferente para cada uma dessas instituições diferentes – fundações, caixas económicas, IPSS e outras – e, para cada uma, um regime. Todas têm sentido social, mas são diferentes”.
Esta regulamentação é fundamental para Marcelo Rebelo de Sousa, “porque muitas IPSS estão num regime que em boa parte é dos anos 1980”.
“Isto não faz sentido, porque aconteceu um fenómeno na sociedade portuguesa verdadeiramente espantoso, é que nunca como agora a sociedade portuguesa dependeu tanto destas instituições e, no entanto, nunca alguns responsáveis políticos foram tão pouco sensíveis à necessidade de dar instrumentos e meios ao Setor. Não quero generalizar, porque alguns tentaram, mesmo em tempo de crise, ajudar as IPSS”, defendeu, considerando que estamos perante um “problema de cultura”, apontando o dedo também à Comunicação Social: “Como é possível não considerar prioritário o trabalho das IPSS? Como é que alguns responsáveis políticos não perceberam o papel das IPSS?”.
Para o candidato, “isto exigia um novo regime legal, exigia parcerias duradouras e estáveis entre instituições públicas do Estado e as IPSS. Mas estáveis perante uma crise e uma visão financista ou uma regra europeia que obriga a introduzir alterações”.

IMPORTÂNCIA DO CONCÍLIO VATICANO II

O candidato presidencial recordou na sua intervenção os tempos “muito diferentes” em que se iniciou no mundo da solidariedade.
“Eu conheço a vossa atividade, não por ter ouvido falar nela, mas porque é a minha atividade também desde os 16, 17 anos. Fiz o meu aprendizado num regime ditatorial e autoritário e o que havia de espaço para intervenção social passava pelas instituições do setor social, porque o Estado controlava tudo o que podia e o espaço disponível era muito pequeno. E o setor social lucrativo dava pouca atenção às principais questões sociais”, recordou, lembrando a influência que teve em si e “em toda uma geração” o Concílio Vaticano II.
“Foi aí que comecei a trabalhar em IPSS e no bairro problemático do Casal Ventoso”, lembrou, referindo que, embora reconheça ter desempenhado algumas funções a nível das Misericórdias, foi nas IPSS que fez o seu percurso neste universo solidário.
“Conheço bem a vossa nossa atividade e sei que o voluntariado é uma componente essencial da vossa vida e da vida das IPSS”, frisou, para de seguida explicar a forma como vê o País e o papel das IPSS.
“Nos últimos 40 anos vivemos grandes transformações na sociedade portuguesa. Enfrentámos quatro desafios em simultâneo, que foram a descolonização, a criação de uma democracia, criação de um regime económico novo – tivemos vários regimes: o revolucionário, o pós-revolucionário, a reprivatização do nacionalizado e, hoje, a passagem para mãos estrangeiras – e, finalmente, a integração europeia”, enumerou, sustentando que “estes são desafios que mudam muito a maneira de viver de uma sociedade”.
Para o candidato, são “mudanças muito rápidas que nem nos apercebemos”, discorrendo uma opinião bem curiosa sobre a forma como os Portugueses encaram as mudanças: “O português tem uma maneira muito especial de enfrentar as grandes mudanças, faz de conta que não elas não existem. Faz parte da nossa doçura enfrentá-las sem as dramatizar”.
Ora, “mas isto tudo tem um preço”, que para Rebelo de Sousa “não surgiu logo, porque estas mudanças sociais demoram a fazer efeito e os fundos da Europa foram atenuando a situação”. Porém, com o advento da crise europeia e mundial, o resultado foi “um conjunto explosivo”.
“E este desafio foi enfrentado, não pelo Estado nem pelas autarquias que estiveram sem dinheiro, mas pelas IPSS e pelas Misericórdias. Muito mais significativamente pelas IPSS que são mais numerosas, têm maior distribuição pelo território, têm maior número de valências e têm uma maior capacidade de adaptação à realidade”, sustentou.
Na próxima edição impressa do SOLIDARIEDADE daremos conta das questões colocadas pelas IPSS ao candidato.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2015-11-23

Candidata Maria de Belém Roseira na CNIS

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

Maria de Belém Roseira: Combate à pobreza infantil é prioridade

No encontro matinal de Fátima com os dirigentes da CNIS e de algumas IPSS de vários pontos do País, a candidata presidencial Maria de Belém Roseira revelou que tem como prioridade o combate à pobreza infantil e às assimetrias regionais, “duas causas com que o Setor Social Solidário muito se identifica”, como sublinhou o presidente da CNIS, padre Lino Maia.
“Quero dizer-vos que elegi como área prioritária da minha ação, se for eleita, o combate à pobreza infantil”, começou por dizer Maria de Belém Roseira, justificando: “Esta é uma realidade e hoje há ainda uma nova categoria de pobres que são os trabalhadores pobres. Estudos comprovam que as crianças que vão para a escola com fome têm a sua capacidade cognitiva comprometida. E se temos 23% das nossas crianças pobres, o que já ultrapassa a percentagem de idosos pobres, significa que não teremos um futuro risonho se não retirarmos estas crianças desta condição atrofiante e atrofiadora das suas capacidades. E, por isso, elegi esta área como aquela em que o Presidente da República tem que mobilizar vontades, tem que sensibilizar consciências e tem, sobretudo, que atrair pessoas para a nobreza de uma causa como esta, que não é uma causa individual, mas de envolvimento coletivo”.
Para a candidata, “estes são desafios importantes, porque são um bem comum e coletivo para termos pessoas que não são dependentes, mas pessoas autónomas e que contribuem para o desenvolvimento do País”.
Revelando ter escolhido para mandatário social da sua candidatura Castanheira Pinto, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros, a candidata afirmou ainda que, por força da importância que atribui ao Setor Social Solidário, pretende “dedicar muita atenção à correção das assimetrias regionais, porque temos muitas situações no País de desequilíbrio trágico e o Interior, de norte a sul, tem marcas específicas que é preciso combater”.
Sobre a importância do Setor Social Solidário, Maria de Belém Roseira lembrou que, “ao contrário de outros países, em Portugal a Economia Social tem reconhecimento constitucional, mas, apesar desse reconhecimento, muitas vezes é considerada uma área de terceira ou quarta categoria ou até, pura e simplesmente, ignorada”.
Para a candidata, que na primeira sondagem divulgada surgiu em segundo lugar nas intenções de voto, o Setor tem pouca visibilidade, porque “as pessoas, neste setor, dedicam-se aos mais frágeis e estes, na maior parte das vezes, estão longe das atenções dos meios de comunicação social”.

DAR VOZ A QUEM NÃO TEM VOZ

“Este é um setor onde muita gente dá o seu tempo benevolamente, ou seja, uma zona de grande integração de voluntários, e estes também não interessam porque não criam problemas e depois não fazem grandes ajuntamentos e grandes manifestações, isto é, não se dão a conhecer como hoje o mundo mediático aprecia para dar relevo às questões. Tudo isto conjugado é meio caminho andado para que me interesse por esta área”, sustentou, afirmando de seguida: “Acho que um dos papéis principais de um Presidente da República é dar visibilidade às coisas boas que não a têm, é dar voz a quem não tem voz e é chamar a atenção para o papel que estas instituições, mas também as outras que não integram a CNIS, têm desempenhado ao serviço da coesão social, sobretudo em épocas de crise e de forte fustigação dos mais fracos e em épocas em que se não tivesse sido a vossa atuação a vida de muitos milhares de portugueses teria sido bem mais difícil”.
Considerando que “esta é apenas uma pequena parte da importância deste Setor”, a candidata, recorrendo à sua experiência na área da Saúde, referiu “que há um momento para acudir, que é a emergência, e depois há uma segunda fase que é a de curar, ou seja, reconstruir a vida das pessoas”.
Neste sentido, Maria de Belém Roseira considera essencial o papel das instituições sociais.
“Há um papel específico para este Setor que é, simultaneamente, indispensável, por aquilo que faz, por aquilo que permite e por aquilo que atenua nas nossas vivências, pela mensagem que transmite de intergeracionalidade, porque vivemos numa época em que os velhos são considerados um desperdício e um peso social, o que é inadmissível, e também porque é uma forma de estar, em que a cooperação feita no respeito pelo outro e pela nossa casa comum, como lhe chamou o Papa Francisco, é absolutamente essencial”, defendeu, prosseguindo: “Portanto, esta é uma economia que não vive para enfraquecer outros, mas para os robustecer, sobretudo para robustecer aqueles que de outra maneira seriam completamente largados aos desfavores da vida. E é uma economia que sublinha toda a nossa dimensão enquanto pessoas e seres gregários que devem ajudar-se mutuamente, porque essa é uma forma de estar essencial para nós sobrevivermos àquilo que são os riscos de hoje”.

FORTALECER O SETOR SOCIAL

E por isso, para a candidata, é necessário agir e fortalecer o Setor Social Solidário.
“Muitas pessoas limitam-se a pensar bem e isso é muito confortável, mas não chega. O mais importante é fazer bem e isso é o que este Setor faz, principalmente, junto de pessoas que, para muita gente da nossa sociedade, são pessoas subalternas, são aqueles que não interessam”, critica, lembrando que a sua postura na política é bem clara: “Sempre fiz questão de estar na política com verdade, sem facciosismos e sem distorções da verdade. Esta é a melhor maneira de se estar e eu não sei estar de outra maneira”.
Sublinhando os seus 40 anos de vida pública e 20 de política, com diversas passagens por instituições do Setor Social, Maria de Belém Roseira considera-se preparada para os desafios que a Presidência da República lhe colocará.
“Se for eleita sei o que é preciso para o reforço, para o sublinhado e para a visibilidade da atuação destas pessoas e destas instituições”, garantiu, sustentando: “Sou uma grande defensora do Estado Social, que atenua e tem que atenuar e colmatar muitas das desigualdades que há à partida na sociedade”.
Lembrando que “a pobreza transforma as pessoas em escravas”, a candidata sustentou que é preciso ser “uma voz de denúncia dos abusos que têm sido cometidos pelas economias pública e privada”, sublinhando o papel fundamental das IPSS na reconstrução da vida das pessoas: “Este movimento enorme faz muito, faz muito bem o que faz, pode fazer de uma forma mais personalizada do que faria o Estado, independentemente de ter que contar com a subvenção do Estado, mas pode ainda fazer mais, sobretudo avaliando as boas práticas de muitas instituições e tentando replicá-las no sentido de investir numa época em que as competências de muita gente já não servem para o aparelho produtivo privado, e poder agarrar todas essas pessoas e fazer delas pessoas não dependentes de subsídios, mas pessoas que conseguem reconstruir um projeto de vida”.
Na próxima edição impressa do SOLIDARIEDADE daremos conta das questões colocadas pelas IPSS à candidata.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2015-11-23

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

HOJE Assembelia Geral UDIPSS de Setúbal COMPAREÇAM

Exmo(a). Sr.(a)
Presidente da direção
data: Setúbal, aos 20/10/2015
n/ refª. v/ refª.
...
Assunto: Convocatória de Assembleia Geral Extraordinária
Ao abrigo dos Estatutos da UDIPSS de Setúbal, alínea e) do Artº 21ª e nº3 do Artº 22, convoco a Assembleia Geral Extraordinária para o próximo dia 6 de Novembro de 2015, pelas 14h00 em primeira convocatória. Se à hora marcada a maioria dos associados não estiver presente a mesma iniciar-se-á 30 minutos depois, em segunda convocação com qualquer número de presenças (Artº 23, nº3), com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1- Discussão e Aprovação dos novos Estatutos da UDIPSS de Setúbal ao abrigo do novo Estatuto das IPSS (decreto-lei 172-A/2014 de 14 de novembro);
2- Outros Assuntos.
O Presidente da Assembleia Geral
Engº Carlos Taleço